Ciência em Foco deste mês de maio traz à cena um “sonho visto por dentro”. Essa é (ou parece ser?) uma boa imagem para descrever o filme Waking Life (2001), do diretor americano Richard Linklater. Nele, um garoto acorda no interior de seu próprio sonho e passa a refletir e a conviver com personagens reais de sua imaginação. Para debater a temática desse longa metragem após a sessão, o convidado é Ricardo Kubrusly, poeta e matemático, professor titular do Programa de Pós-Graduação em História das Ciências e das Técnicas e Epistemologia da UFRJ (HCTE).
O filme, por si, é inusitado, pois uma vez filmado com atores e cenas reais, teve sua película submetida a um processo chamado rotoscopia. A técnica, desenvolvida pelo animador Bob Sabiston e aplicada por vasta equipe de seu estúdio, permite pintar cada fotograma, incluindo novas cores, formas e desenhos. Estima-se que cada minuto do filme exigiu 250 horas de trabalho dos animadores, atribuindo-lhe peculiaridades de cada desenhista.
Em uma cena de TV, que ganha existência dentro do sonho do protagonista da história, ouve-se considerações sobre a prática de xamãs e visionários que “aperfeiçoaram a arte de viajar pelos sonhos, o chamado estado lúcido do sonho, no qual controlando-se os sonhos pode-se descobrir coisas para além da nossa apreensão no estado desperto”. O filme explora essa lucidez onírica ao máximo, o que leva o professor Kubrusly a perguntar - Sonhos como destino: o que nos faz pensar que estamos vivos? E completa o tema de sua conversa ponderando: “Estarmos vivos, conscientes das nossas transformações, do mundo que nos cerca e de nossa participação nele, decorre necessariamente de uma ordenação temporal dos acontecimentos. Ao rompermos com a causalidade que nos ampara e, consequentemente, com os princípios clássicos das lógicas da normalidade, como fazemos nos sonhos de cada dia, o que nos fará pensar que estamos vivos?
Assista Waking Life e confira: quem sabe não sejamos personagens do sonho sonhado por outra pessoa!
O Ciência em Foco acontece sempre no primeiro sábado de cada mês, às 16 horas e a entrada é franca.