quinta-feira, 17 de dezembro de 2015

O cinema e a potência do instante


O último Ciência em Foco do ano aconteceu no dia 5 de dezembro, com a exibição do filme Hiroshima, mon amour (1959), de Alain Resnais. Quem conversou com o público após a sessão foi a filósofa e professora da UERJ Marly Bulcão, buscando pensar sobre o fascínio provocado pelas imagens e pelas reflexões que o filme evoca.

Marly apresentou elementos da vertente poética da filosofia de Gaston Bachelard, pensador que salientava a relevância filosófica da arte e da literatura. No filme, a memória da tragédia de Hiroshima era trazida a partir do presente de um casal de amantes, abrindo espaço para se pensar novas formas de perceber o tempo, a subjetividade, o esquecimento, deslocando-os de seus referenciais tradicionais e apostando na potência do instante. Foi um ótimo encerramento de uma temporada encurtada, devido à greve. No entanto, encerramos o ano com a inspiração e a intensidade necessárias para criar novos e memoráveis instantes em 2016.

Já pensando no ano que vem, nossa sessão inaugural da temporada de 2016 acontecerá no dia 5 de março, quando exibiremos o filme Gattaca: a experiência genética (Gattaca - E.U.A., 1997), de Andrew Niccol. Teremos a honra e a alegria de receber, como convidada do mês, Daniela Manica, doutora em Antropologia Social pela Unicamp, professora do Departamento de Antropologia Cultural do IFCS/UFRJ. Ela apresentará a palestra "Válidos", úteis e produtivos: corpo e vida entre os efeitos da tecnociência. A entrada é franca! Anotem na agenda e divulguem abertamente.

Publicaremos em breve, em nosso canal do YouTube, mais um videocast com alguma de nossas palestras passadas (destacamos uma que ajuda bastante a entender o momento atual do país). Fiquem ligados, e até breve!




terça-feira, 1 de dezembro de 2015

Imagem e memória no labirinto das paixões


Um diálogo inovador e poético entre imagem e memória é destaque do Ciência em Foco de dezembro. No dia 5, será apresentado o filme “Hiroshima Mon Amour”, de Alan Resnais, seguido da palestra “Os labirintos da memória, a sedução do instante e a fenomenologia da imaginação”, com a filósofa e professora da UERJ Marly Bulcão.

Considerado um clássico do cinema francês, o filme faz uso inovador, em 1959, de flashbacks como artifício cinematográfico na elaboração das lembranças da personagem interpretada por Emmanuelle Riva, que contracena com o ator japonês Eiji Okada, no papel de um arquiteto. Ela é uma atriz que está em Hiroshima, rodando um filme sobre a paz. O drama se desenvolve a partir de um envolvimento amoroso dos dois, ambos casados, e mescla-se ao conflito psicológico vivido por Emanuelle, ao evocar recordações de antiga paixão por um soldado alemão no tempo da ocupação nazista da França.

Em meio a essa trama, a professora Marly Bulcão indaga: Qual a relação entre o significado estético das imagens com o tempo, a memória e o esquecimento? Passados mais de 70 da tragédia em Hiroshima, seus ecos reverberam através das imagens singulares de Alain Resnais. Segundo a filósofa, essas imagens “envolvem o espectador em uma dinâmica que evoca as noções de imagem e de imaginação, tal qual as elaboradas pelo filósofo Gaston Bachelard”.

Indicada para o Oscar em 1961, na categoria de melhor roteiro original, e levando a assinatura da escritora Marguerite Duras, essa produção franco-japonesa foi o primeiro longa-metragem de Alan Resnais e se insere na Nouvelle Vague (Nova Onda), movimento artístico do cinema francês que se incorpora às mobilizações contestatórias próprias dos anos sessenta.

O Ciência em Foco acontece sempre no primeiro sábado de cada mês, e a entrada é franca.

quinta-feira, 5 de novembro de 2015

Nostalgia, passado e presente


Uma ótima notícia a todos os que estavam com saudades do Ciência em Foco. Depois da greve na UFRJ, encerrada em outubro, o cineclube retoma suas atividades já neste sábado - como de costume, no primeiro sábado do mês -, 7 de novembro, às 16h.

Como parte das comemorações do Ano Internacional da Luz, exibiremos o singular Nostalgia da luz (Nostalgia de la luz - Chile, 2010), de Patricio Guzmán, seguido da palestra Luz e escuridão na ciência da América Latina. Teremos a honra e a alegria de receber, como convidado do mês, Ildeu de Castro Moreira, que é doutor em Física e professor do Instituto de Física da UFRJ e do Programa de Pós-Graduação em História das Ciências e das Técnicas e Epistemologia (HCTE/UFRJ).

O flyer de divulgação pode também ser visualizado e compartilhado a partir do link: http://ow.ly/UhfDN

Também estamos com saudades do público e será ótimo revê-los, transformando a nostalgia em uma alegre celebração do presente. Contamos com a ajuda de todos na divulgação da sessão, e até lá!


quinta-feira, 4 de junho de 2015

Greve na UFRJ - Não haverá sessão em junho

Devido à greve dos funcionários da UFRJ, iniciada na última sexta-feira, dia 29/5, não haverá sessão do Ciência em Foco no próximo sábado, dia 6/6.

A sessão será remarcada para uma nova data, a ser informada posteriormente, por email e pelos endereços da Casa da Ciência da UFRJ nas redes (informados abaixo).

Blog do Ciência em Foco:
http://cineclubecienciaemfoco.blogspot.com

Site da Casa da Ciência da UFRJ
http://www.casadaciencia.ufrj.br

Facebook da Casa da Ciência da UFRJ
http://www.facebook.com/casadaciencia

Twitter da Casa da Ciência da UFRJ
http://www.twitter.com/casadaciencia

Contamos com a compreensão de nossos estimados frequentadores.

sexta-feira, 15 de maio de 2015

Lebowski e a recusa como resistência


No primeiro sábado de maio, logo após o feriado do dia do trabalho, o Ciência em Foco exibiu o cultuado filme dos irmãos Coen, O grande Lebowski (The big Lebowski, 1998). Quem conversou com a plateia foi o filósofo e doutor em Literatura Comparada, Gabriel Cid de Garcia, produtor cultural da UFRJ e coordenador do cineclube. Ele apresentou a palestra Lebowski e nós: o homem sem qualidades e a superação do niilismo. O aparente deslocamento do personagem principal serviu de mote para uma conversa filosófica sobre aspectos da condição humana na modernidade.

Gabriel comentou a potência do filme em trazer para o presente a discussão sobre o niilismo, disposição diagnosticada pelo filósofo Friedrich Nietzsche no final do século XIX. A partir do humor dos Coen, a superação desta atitude de negação da vida e dos valores se daria pela afirmação contida nos gestos de recusa, que aproximam Lebowski de outros célebres personagens da literatura moderna. Na contramão dos discursos de produtividade e eficácia, tão presentes em nossa época, Lebowski nos permitiria pensar uma abertura para formas outras de vida e resistência.

Nossa próxima sessão acontece no dia 6 de junho. Exibiremos o filme Gattaca: a experiência genética (Gattaca - E.U.A., 1997), de Andrew Niccol. Teremos a honra e a alegria de receber, como convidada do mês, Daniela Manica, doutora em Antropologia Social pela Unicamp, professora do Departamento de Antropologia Cultural do IFCS/UFRJ. Ela apresentará a palestra "Válidos", úteis e produtivos: corpo e vida entre os efeitos da tecnociência. A entrada é franca! Anotem na agenda e divulguem abertamente. Até lá!

terça-feira, 28 de abril de 2015

O humor irreverente de 'O grande Lebowski'


Dia 2 de maio é dia de Ciência em Foco. O cineclube da Casa da Ciência apresenta O grande Lebowski (The big Lebowski - E.U.A., 1998), dirigido pelos irmãos Joel e Ethan Coen. O convidado para a conversa após o filme é Gabriel Cid de Garcia, filósofo, doutor em Literatura Comparada pela UERJ, produtor cultural da UFRJ e professor-tutor de Filosofia da UNIRIO.

O que torna esta comédia alvo de uma atenção especial é o despropósito do principal personagem, Jeff Lebowski, que se auto intitula “o Cara” (The Dude), interpretado por Jeffrey Bridges. Em busca de uma justa compensação em função da violência que sofreu em sua casa, quando capangas urinaram em seu “querido” tapete , o Cara acaba envolvido em uma hilariante trama ao conhecer um milionário (interpretado por David Huddleston) que tem o mesmo nome que ele.

Como afirma Gabriel Cid de Garcia, “o cinema dos irmãos Coen não cansa de nos apresentar situações que desafiam a busca de explicações finais, de um sentido último para os acontecimentos. Em O grande Lebowski, o jogo com o acaso e a tradição intensifica rupturas capazes de dialogar com formas de se pensar a modernidade”. 

O filme, livremente inspirado em um livro do escritor estadunidense Raymond Chandler, apresenta um Cara desempregado, cuja marginalidade, preguiça e irreverência lhe revestem de um álibi diante das atrocidades, hipocrisias, cobiça e corrupção que parecem mover os demais personagens, fora as personalidades inusitadas de seus companheiros de boliche.

Para Gabriel, que também é o idealizador e principal responsável, desde 2004, do Ciência em Foco, é possível identificar-se à "desconfiança com relação ao progresso, à razão e à ciência presentes no filme, que  nos convida a um espaço de pensamento sem garantias, admitindo uma forma peculiar de resistência - e delírio - a partir da arte e da linguagem.

Participe do Ciência em Foco, com sessões às 16 horas,  sempre no primeiro sábado de cada mês e festeje, ao longo ano de 2015, os 20 anos da Casa da Ciência da UFRJ.  A entrada é franca.

terça-feira, 14 de abril de 2015

Uma nova leitura da natureza



No primeiro sábado de abril, aconteceu a segunda sessão de 2015 do Ciência em Foco. Exibimos o filme Criação (Creation - Reino Unido, 2009), de Jon Amiel, seguido da palestra Ciência e moral: o caso Darwin, ministrada pelo professor do Departamento de Filosofia da UFF, Fernando José Fagundes Ribeiro. A palestra abordou impasses envolvendo a disputa entre as formas científicas e religiosas de relação com a natureza.

No filme, a figura de Charles Darwin é emblemática pela revolução desencadeada pela escrita de sua obra A origem das espécies, cujo processo de elaboração é mostrado no filme. No entanto, a aposta estética do filme, ao focar sua atenção na criação científica, ajuda a pensar a ciência como uma atividade humana, inseparável dos diversos fatores da cultura e da sociedade. Uma das consequências disto é a recepção da obra de Darwin e os debates que suscita até hoje, servindo para despertar paixões e críticas entre religiosos e cientistas, prolongando uma querela que extravasa os domínios e interesses de cada um de seus campos específicos de atuação.

Aproveitamos a postagem para agradecer novamente pela parceria da APILRJ (Associação de Profissionais Intérpretes de Libras do Estado do Rio de Janeiro). Nossa próxima sessão será no dia 2 de maio de 2015. Exibiremos o cultuado filme O grande Lebowski (The big Lebowski - E.U.A., 1998), dos irmãos Joel e Ethan Coen. Após o filme, o filósofo, professor e coordenador do Ciência em Foco, Gabriel Cid de Garcia, apresentará a palestra Lebowski e nós: o homem sem qualidades e a superação do niilismo. Gabriel Cid é doutor em Literatura Comparada pela UERJ, produtor cultural da UFRJ e professor-tutor de Filosofia na UNIRIO. Fiquem ligados no blog e anotem na agenda. Até breve!

terça-feira, 31 de março de 2015

Darwin quebra o espelho da criação



Até que ponto uma verdade científica pode abalar nossas convicções morais?  Eis o mote da conversa após a sessão do filme Criação (Creation - Reino Unido, 2009), de Jon Amiel, que o professor do departamento de Filosofia da UFF Fernando José Fagundes Ribeiro, convidado do Ciência em Foco, abordará na palestra: Ciência e moral: o caso Darwin.

A apresentação do filme sábado, dia 4 de abril, às 16h, no cineclube da Casa da Ciência da UFRJ, permite refletir sobre o conflito de ideias vivenciado pelo cientista inglês Charles Darwin, em meados do século XIX, no período que antecedeu o lançamento do livro “A origem das espécies”, diante de uma sociedade “puritana”, repleta de dogmas religiosos.

O diretor Jon Amiel acentua esse drama de consciência que exaspera Darwin (representado pelo ator Paul Bettany) em sua vida em família, com sua devota esposa Emma (Jennifer Connelly) e sua filha Annie (Martha West), de apenas 10 anos.  Como observa o professor Fernando Ribeiro: Darwin, “ao postular um tronco comum a partir do qual derivariam as diferenças específicas (a hipótese da evolução), rompeu com a representação ordinária "narcísica" que o homem tem de si e de seu lugar na natureza.” A hipótese criacionista, defendida pela Igreja é questionada e, com ela, a existência de Deus.

Vale destacar que o filme Criação foi baseado no livro Annies’s Box, escrito pelo tataraneto de Darwin, Randal Keynes, ambientalista que integra o conselho diretor da Charles Darwin Foundation e que em 2008 esteve no Brasil participando ativamente do lançamento do projeto “Caminhos de Darwin”, coordenado pela Casa da Ciência da UFRJ.

segunda-feira, 30 de março de 2015

O cinema, o passado e a variação temporal da ficção


No primeiro sábado de março, o Ciência em Foco iniciou os trabalhos da temporada 2015 em grande estilo. Foi exibido o filme Bastardos inglórios, de Quentin Tarantino, seguido da palestra Tarantino e o cinema: a segunda melhor coisa depois de uma máquina do tempo, com o filósofo e professor do Departamento de Direito da PUC-Rio, Maurício Rocha.

Maurício fez um panorama da obra do cineasta descrevendo seu exercício com o espaço da linguagem, seu modo de fazer suspense - aproveitando para afastar alguns clichês associados ao seu cinema -, para enfim abordar o tema do irrepresentável na representação histórica. O filme expressaria uma relação ética do cinema com o holocausto e seus mortos, a partir da ficção, da apresentação "do que poderia ter sido", e da distância que o separa do presente. Deste modo, o filme de Tarantino se afasta de uma reconstituição objetiva e impossível do passado, para dar lugar à leitura crítica do presente por meio da dimensão aberta deixada pelo passado - um esforço que só seria possível a partir do cinema.

Nossa próxima sessão acontece no próximo sábado, dia 4 de abril. Exibiremos o filme Criação (Creation - Reino Unido, 2009), de Jon Amiel. Para conversar com o público após a sessão, teremos a alegria e a honra de receber, como convidado, o professor do Departamento de Filosofia da UFF, Fernando José Fagundes Ribeiro, doutor em Comunicação pela UFRJ. Ele apresentará a palestra Ciência e moral: o caso Darwin. Maiores informações aqui. Anotem na agenda, fiquem ligados no blog e acompanhem-nos nas redes sociais para maiores informações. Até breve!







terça-feira, 3 de março de 2015

O irretratável da História em cenas de Tarantino

Clique na imagem para ampliar.

O cineclube da casa da Ciência da UFRJ, Ciência em Foco, retoma suas atividades em 2015 apresentando dia 7 de março o filme Bastardos inglórios (Inglourious basterds, 2009 - EUA/Alemanha - 153 minutos), de Quentin Tarantino. E para conversar com o público após a sessão está convidado o professor Maurício Rocha,  Doutor em Filosofia pela PUC-Rio e integrante do Programa de Pós-Graduação em Direito da mesma universidade. O tema de palestra eleito por Maurício sugere uma animada reflexão sobre os limites ficcionais do cinema e sua inserção na leitura da História: Tarantino e o Cinema - a segunda melhor coisa depois de uma máquina do tempo.

Afinal, indaga o professor, “Como  filmar o irrepresentável?”

O filme de Tarantino se passa na 2° Guerra Mundial, na França ocupada pelos nazistas. O tenente Aldo Raine (Brad Pitt) é encarregado de reunir um pelotão de soldados de origem judaica, para matar o maior número possível de alemães, de forma cruel, a fim de gerar um impacto aterrador aos membros do III Reich. Paralelamente, a órfã Shosanna Dreyfuss (Mélanie Laurent) foge para Paris, onde se disfarça como operadora e dona de um cinema local, enquanto planeja um meio de se vingar.

Uma missão que se inscreve como um dado anônimo e irretratável, mas passível de tornar-se uma reação crível e inglória à violência da história.

Segundo o professor Maurício Rocha, “desde o início de sua obra, Quentin Tarantino sempre se mostrou um ponto fora da curva da indústria cinematográfica, apresentando um cinema reflexivo e ao mesmo tempo acessível, apropriando-se da palavra e das formas cinematográficas. Com 'Bastardos inglórios', ele também nos convoca a pensar questões que atravessam a sua obra recente: de que forma o cinema pode olhar para a História?”

Participe do Ciência em Foco, com sessões às 16 horas,  sempre no primeiro sábado de cada mês e festeje, ao longo ano de 2015, os 20 anos da Casa da Ciência da UFRJ.  A entrada é franca.