quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Um fim de semana com Curta no Botequim

Neste início de dezembro, com o calor do verão se aproximando de mansinho, o cinema e o botequim são sempre ótimas opções. Melhor ainda se você puder unir o cinema com a cerveja gelada e o clima do botequim. É o que promove há mais de um ano o Cine Botequim, o criativo estabelecimento boêmio carioca que mistura a cultura de botequim da cidade com o universo do cinema.

Além de promover sessões duplas diárias, cada dia dedicadas a um tema ou gênero cinematográfico, o bar recebe todo segundo sábado do mês o cineclube Curta no Botequim, uma realização do coletivo Ovo de Prata. A ideia é fazer uso do espaço informal do botequim como ponto de encontro, exibição de filmes e discussão com novos realizadores e amantes do cinema.

Neste sábado, dia 10/12, a programação começa com a tradicional feijoada, servida às 12h, seguida da sessão de curtas-metragens. Serão exibidos os filmes Roderia!, de Leo Jesus, Quero ser Jack White, de Chalry Braun e Procura-se uma banda!, de Simone Castro. Após a sessão, acontece a também tradicional roda de samba com o grupo Terreiro de Breque, que contará com a participação especial de Noca da Portela e Maria Santafé. A entrada é franca!

O Cine Botequim fica na rua Conselheiro Saraiva 39, no Centro. Veja a programação semanal completa do Cine Botequim e conheça melhor o espaço visitando seu site, aproveitando para se programar para possíveis happy-hours cinematográficas nesta época que precede as festas. Boa diversão!

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

O drama da objetividade, com Antonioni

No último sábado, tivemos o encerramento da temporada 2011 do Ciência em Foco. Como ao longo de todo o ano diversas sessões propuseram intensas discussões envolvendo a imagem, esta última sessão conseguiu fechar com chave de ouro nosso ciclo, com o professor Paulo Domenech Oneto, da ECO/UFRJ, oferecendo inúmeras portas de entrada para pensarmos questões a partir do filme Profissão: repórter, de Michelangelo Antonioni (diretor já conhecido do nosso público por conta da sessão de abril).  Dadas as diversas entradas que o filme permitia, Paulo optou por demarcar alguns pontos que, a partir da imagem, nos permitem pensar o sujeito e a identidade, diante de impasses que nos levam a refletir sobre o que está em jogo no olhar que se pretende objetivo.

No filme, que se apresenta como um falso filme de ação e de espionagem, a relação sujeito-objeto só aparece como uma impasse, como um problema, bastante marcado pela profissão do personagem - o trabalho do jornalista -, que nos traz imediatamente a ideia de objetividade. Ao buscar um olhar objetivo sobre os fatos e situações, o personagem David Locke (Jack Nicholson) parece se isolar de seu objeto, adotando uma postura de neutralidade que seria análoga à do cientista. A impossibilidade de engajamento resulta na angústia de Locke diante da realidade cotidiana - elemento comum nos personagens de Antonioni -,  não conseguindo se conectar com os outros e com o mundo. Deste modo, sua jornada se torna uma fuga de sua própria identidade, posteriormente convertendo-se na fuga decorrente das consequências da outra identidade que ele assume. Em meio às imagens de Antonioni, que descrevem sua jornada - uma fuga para encontrar a si mesmo -, o próprio olhar objetivo será colocado em crise.

Para comentar esta crise, Paulo salientou que o filme todo trata de uma questão em torno da natureza daquilo que se olha. Nós sempre olhamos o real através de uma lente, de maneira mediada. Eis o dilema da cobertura jornalística com a qual se ocupa o personagem: na pretensão de ser objetivo, os seus próprios objetos escapam, quando se anula a possibilidade de engajamento com aquilo que se olha. Antonioni estaria fazendo apelo a uma verdade ética, que não admite o isolamento da verdade para fora desta relação que se estabelece com o olhar e o desejo de quem olha. A objetividade só existiria, de fato, nesta relação.

Paulo comentou aproximações mitológicas com as figuras de Eros e Ícaro, apontando também vias de leitura do filme a partir de elementos do pensamento de Freud, Nietzsche e Marx, dada a ênfase que o filme atribui à questão do desejo, à crise dos valores e à alienação do personagem. Ao analisar o impressionante plano-sequência do final do filme, Paulo ainda nos mostrou de que modo Antonioni encena, com o olhar da câmera, o jogo entre subjetividade e objetividade para, enfim, mostrar sua inseparabilidade, a impossibilidade de um olhar objetivo existir sem a mediação do olhar subjetivo.

Na certeza do ensinamento de Antonioni, reafirmamos objetivamente a alegria que tivemos em recebê-los ao longo da temporada 2011. Nossa próxima sessão acontecerá no dia 3 de março de 2012, quando exibiremos o filme Entre os muros da escola (Entre les murs - França, 2008), de Laurent Cantet. Teremos a honra de receber como convidado do mês, para abrir a temporada 2012, Walter Kohan, doutor em Filosofia pela Univ. Iberoamericana, México, professor da Faculdade de Educação da UERJ, com a palestra Aprender e ensinar: exercícios de estrangeiridade. Até lá, sigam acompanhando o blog para mais notícias, informações e dicas. Que venha 2012.




sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

O que não podem os olhos


"Não sei ver meus filmes com olhos críticos. Não sei expressar-me por palavras. E nem creio que seja imprescindível entender um filme. O mais importante é vê-lo, como uma experiência sensível”, Antonioni.

Venha assistir a Profissão: repórter e participar do debate "A relação sujeito-objeto”, com o doutor em filosofia Paulo Domenech Oneto. Esperamos por você!

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Cinema (d)e Horror, agora em livro


Uma novidade para contribuir com as relações entre cinema e pensamento: será lançado hoje, em Campo Grande, no Mato Grosso do Sul, o livro Cinema (d)e Horror: ensaios críticos, como resultado das atividades do cineclube Cinema (d)e Horror, o projeto de extensão da UFMS que promove, há quatro anos, exibição de filmes com debates, procurando compreender a categoria "horror" nas artes e no mundo contemporâneo.

Ao pensar e desdobrar questões a partir dos filmes, a publicação encarna a proposta do cineclube, contando com artigos de estudiosos de diversas universidades brasileiras, cujo enfoque interdisciplinar potencializa a abordagem e a compreensão de temas associados ao horror e seus efeitos. O livro foi organizado pelas coordenadoras do cineclube, Carolina Barbosa Lima e Santos, e Rosana Zanelatto, com o patrocínio do Fundo de Investimentos Culturais (FIC) de Mato Grosso do Sul.

Celebremos e divulguemos esta importante publicação, desdobrada de uma experiência cineclubista universitária.