segunda-feira, 8 de março de 2010

Filosofia, literatura e cinema

A claustrofóbica adaptação para o cinema do romance O processo, de Franz Kafka, foi ponto de partida para uma discussão filosófica envolvendo cinema e literatura, na última sessão do Ciência em Foco. De acordo com nosso convidado Charles Feitosa, professor de filosofia da arte da UNIRIO, doutor em Filosofia pela Universidade de Freiburg, na Alemanha, embora o livro e o filme se valham de uma premissa ligada ao direito, a palavra "processo" é também utilizada pela ciência para descrever a vida, por exemplo, na biologia.

Nosso convidado então fez com que a perplexidade do personagem Joseph K., diante de sua misteriosa e inexplicável acusação, fosse ampliada para a nossa própria vida, lidando diretamente com a questão da finitude. Em geral os homens não aceitam bem o fato de que são mortais, finitos, de modo que a morte é sempre vista como algo exterior, que requer uma explicação. De maneira provocativa, ele se pergunta se a vida e seus "processos" precisam de uma verdade última que os explique, que os dê sentido, ou enfim, que os justifique.

Após um percurso pela vida e obra de Kafka e sobre os elementos que fizeram de Orson Welles um cineasta que brinca com a relação entre verdade e ilusão, a plateia se mostrou bastante interessada, fascinada pelas questões tão atuais que poderiam ser desdobradas destes dois grandes mestres.

E por falar em mestres, nossa próxima sessão, dia 3 de abril, exibirá o filme Stalker, de Andrei Tarkovsky, considerado um dos maiores filmes de ficção-científica da história do cinema. Após a exibição, nosso convidado, Octavio Aragão, doutor em Artes Visuais pela Escola de Belas Artes da UFRJ, professor da Escola de Comunicação da UFRJ, ministrará a palestra Garimpando o imponderável: a energia limpa e a sociedade suja.

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